Si hortum in biblioteca habes deerit nihil

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19 de outubro de 2016

Mais sobre Ilídio Mota Teixeira


 Quando Ilídio Mota Teixeira  completou oitenta e dois anos a sua filha Luísa  e a neta editaram um pequeno livro "a "graça" que lhe resolvemos dar na altura", para distribuição familiar, "livro de histórias compiladas que o convenci a escrever algures em 2012", conforme diz a filha. Foi antes, portanto, da sua colaboração no blog, pois, exclusivamente para este, “fez questão de  produzir  [outras] pequenas histórias que ele considerou serem mais apropriadas a quem as iria ler" (palavras dele, reproduzidas também pela Luísa).
Sorte nossa, ficámos a ganhar. Porque, com toda a generosidade, a família consentiu que todos nós tivéssemos acesso, agora, a mais umas preciosas pérolas saídas da memória, do talento e da sensibilidade do Ilídio.
Vamos, assim, a partir de hoje, deliciarmos-nos todos, estou certa, mais uma vez com mais estes apetitosos nacos de prosa cheios de sabedoria, encanto e amor à terra mãe, cuja qualidade já conhecemos.
Como resposta ao pedido que lhe fiz  para que nos fizesse a apresentação do trabalho do pai, a Luísa mandou-me isto: 
"... envio duas fotos dum pequeno e simples "memorial" que instalámos na pequena propriedade da Serrada, tendo como mote uma nogueira antiga. Uma última homenagem que quisemos fazer na terra que o viu nascer: Porto da Lage.
Os versos que inscrevemos na caldeira da árvore, são da autoria do nosso pai; os mesmos que ele redigiu no final deste livrinho. E mais não digo, porque me faltam as palavras quando me sobra a saudade".


E lá está, na margem direita do ribeiro "da quinta", para quem o quiser ver ao vivo, um belo e genuíno tributo ao amor verdadeiro. Felicitações ao Ilídio, pela família que criou.





                                        Ao ribeirinho da minha infância
                                       Ribeirinho das duas pontes
                                      De verdes margens e canaviais
                                      A correr em suave bonança

                                      Ao canto dos grilos entre trigais
                                     Nas tuas águas também brinquei
                                     Com rústica cana, linha e anzol
                                    Barquinhos de papel também deitei
                                    A navegar balançando ao sol

2 comentários:

  1. Estimados leitores,
    Depois de ler a apresentação feita pela autora deste blog dedicado a Porto da Lage, com a elegância de escrita e domínio da palavra que nos tem vindo a habituar, confesso algum embaraço por não ter estado à altura do convite que me dirigiu para escrever um texto de apresentação ao pequeno “ensaio literário” do Ílidio Mota Teixeira, meu pai. Possivelmente por ele ser isso mesmo: o meu Pai.
    Entre inúmeras coisas que ele me ensinou, uma delas, sempre presente em tudo quando me transmitiu e legou, foi o de manter sobriedade e não ostentar “orgulho” ou ceder à tentação de elogiar os “nossos”. Feitio ou força de carácter, não é isso que interessa aqui analisar. Mas que essa característica me foi deixada como marca indelével, não me resta qualquer dúvida.
    Falar deste homem, sendo ele o meu Pai, sem transparecer o enorme orgulho que senti quando revelou o escritor que existia dentro dele, pareceu-me uma impossibilidade.
    Este livro que foi intitulado de “Terras da Minha Memória”, foi a única e tardia obra que alguma vez produziu. Que produziu, disse bem. Porque tudo o mais estava bem presente e registado na “sua memória”. E não só os factos mas sobretudo a forma peculiar como recordava e interpretava, deduzia e teorizava, humorizava e comovia, criticava e sensibilizava.
    Embora pequeno é exemplificativo e é com esse espírito que espero que todos o entendam. Sei que a MFM o fez; não foi por acaso que lho ofereci.
    Foi e é um privilégio aceitar que o partilhe com todos vós.
    LMT

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    Respostas
    1. Luísa
      Foi uma enorme e agradabilíssima surpresa ler as memórias que teu pai e meu amigo guardou tão bem durante mais de 70 anos as escreveu tão vivamente que como que as revivemos com ele.
      Agradeço-te tê-las partilhado connosco.
      Bem-hajas

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